terça-feira, 29 de março de 2011



A IMAGEM COMO LINGUAGEM
José Alberto Lencastre & José Henrique Chaves

As linguagens e a sua classificação

Os autores deste texto iniciam-no apresentando-nos a perspectiva de Cloutier (1975) que refere os termos: audio-scripto-visual especificando cada uma delas. Refere a seguir que estas mesmas linguagens base podem ser combinadas de forma a criarem linguagens sintéticas – a audiovisual, a scriptovisual e audio-scripto-visual. “Estas novas linguagens não são constituídas por uma simples justaposição de duas linguagens mas por fusão e por síntese, o que dá origem a um modo de comunicação novo.”

Em educação e, mais precisamente nos dias que correm em que temos ao nosso dispor ferramentas tão importantes e ricas como os computadores e outras tecnologias, a linguagem da imagem é utilizada na escola e tanto o áudio, como o visual, como o scripto estão presentes nas novas estratégias e materiais que podem ser utilizados.
Por exemplo, e como nos diz Jonassen (2007:229) “as apresentações multimédia atraem e mantém a atenção dos alunos porque, em geral, são multimodais, isto é, estimulam mais do que um sentido ao mesmo tempo.” Assim sendo, ao conjugarmos diferentes linguagens conseguimos que uma maior motivação dos alunos e, consequente melhoria nos resultados do seu processo de ensino-aprendizagem.

A imagem como linguagem

Alguns autores sustentam a ideia de que assim como é necessário um tempo específico para ler, escrever e falar, também para “ver” uma imagem é imprescindível que exista também um tempo específico.
A alfabetização visual, entendida como a capacidade de ajudar o aluno a compreender e dominar a representação da imagem, permitindo que a mesma seja usada como elemento de omunicação,não se constrói de uma forma rápida.
Dondis (1999, citado por Lencastre e Chaves, 2007, pág. 1166), considera que a base da linguagem possui alguns elementos básicos da linguagem visual, agrupando-os em três tipos: elementos morfológicos, elementos dinâmicos e elementos escalares.
Os elementos morfológicos, constituem a estrutura em que se baseia o espaço plástico, no qual, o ponto, a linha, o plano, a textura, a cor, a forma e o tom são alguns dos elementos visuais essenciais na construção das formas visuais.
Os elementos dinâmicos, como movimento, tensão, ritmo e direcção, são os componentes que fazem parte do dinamismo de uma imagem.
E os elementos escalares, definem-se pelo seu aspecto quantitativo, tendo em conta que por vezes são de natureza quantitativa e por outro relacional uma vez que todos os elementos requerem uma relação: entre a imagem e a realidade (escala); entre as partes de um todo (proporção); entre o vertical e horizontal (formato); e entre o tamanho relativo para a legibilidade da imagem (dimensão).
Todos estes elementos numa imagem, são fundamentais para o aperfeiçoamento da comunicação visual que permite compor e interpretar as mensagens visuais.

A leitura de imagens

Segundo os autores deste artigo, a leitura de imagens pode ser feita de quatro formas: leitura “espontânea”, leitura denotativa e conotativa, leitura analítica e, por fim, leitura segundo a contraposição da teoria tipográfica e da teoria de Gestalt.
A leitura “espontânea” refere-se à interpretação que o homem faz da imagem, o que não deve ser confundido com percepção. Apesar de a humanidade reconhecer e percepcionar da mesma forma uma imagem, é errado acreditarmos que todas as sociedades a interpretam de igual modo.
A leitura denotativa pode ser considerada a leitura objectiva de uma imagem – consiste na descrição dos objectos e/ou indivíduos no contexto espacial. A leitura conotativa considera-se subjectiva e refere-se à interpretação da imagem de acordo com o marco de referência de cada leitor. Os autores defendem que para uma correcta leitura de uma imagem, esta deve ser analisada nas duas formas aqui referidas.
Por sua vez, a leitura analítica de uma imagem deve passar por tês fases: objectiva (análise dos elementos básicos da imagem - linha, ponto, forma, luz, cor, tom, enquadramento), conceptual (descrição de objectos, pessoas, localizações, ambientes) e descrição global (em função das suas características elementares - iconicidade ou abstracção, simplicidade ou complexidade, monossemia ou polissemia, originalidade ou redundância).
Por fim, Alonso e Matilla (1990) referem-se à contraposição da teoria tipográfica e da teoria de Gestalt. A teoria tipográfica defende um método de leitura das imagens semelhante ao da leitura de um texto (da esquerda para a direita e de cima para baixo). Por sua vez, o método de leitura referente à teoria de Gestalt, refere-se à impressão global obtida pelo primeiro golpe de vista, que vai sendo centrado nos diferentes núcleos de interesse. Contudo, os autores defendem a utilização do método da teoria de Gestalt como mais correcto, embora nem sempre seja suficiente, como no caso de imagens muito densas, em que é aconselhável complementar este método com o método tipográfico.
Dos métodos referidos, não há um que seja considerado o ideal. Dependerá do professor a adaptação do(s) método(s) ao contexto escolar em que lecciona, tendo como referência estes aqui referidos.

Referência bibliográfica do artigo analisado:
LENCASTRE, Alberto, CHAVES, Henrique (2007) A Imagem como Linguagem. Libro de Actas do Congreso Internacional Galego-Portugués de Psicopedagoxía. A.Coruña/Universidade da Coruña: Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxía e Educación.

Outras referências bibliográficas:
DONDIS, Donis (1999). Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes Editora.
JONASSEN, D. (2007), Computadores, Ferramentas cognitivas. Porto. Porto Editora


Referência da imagem:

terça-feira, 15 de março de 2011

A começar...

Este blogue surge no âmbito da unidade curricular de Ferramentas Multimédia para a Infãncia II, inserido no plano de estudos do Mestrado em Estudos da Criança, área de especialização em Tecnologias de Informação e Comunicação.
Neste blogue iremos publicar todos os trabalhos realizados no decorrer desta unidade curricular.